sábado, 26 de janeiro de 2008

Emissão Acústica não detectou as trincas que estou vendo

Com alguma freqüência tenho testemunhado a decepção de algumas pessoas com o resultado de ensaios de Emissão Acústica em equipamentos que apresentavam trincas visíveis. Especialmente as provocadas por corrosão sob tensão por cloretos (SCC Cl-). Isto ocorre com freqüência em equipamentos de aço inoxidável austenítico com isolamento térmico; é um mecanismo associado a corrosão sob isolamentos (CUI).
Estas trincas usualmente propagam até a profundidade onde a tensão atuante ou residual (geralmente é residual da ordem do limite de escoamento do material) era suficientemente alta. Ou seja, quando encontram material sem tensões, estas trincas param de crescer.
Vejamos então por que a frustração não se justifica. O ensaio de Emissão Acústica é feito durante uma pressurização hidrostática ou de operação, isto é, com uma excitação que não supera 1,5 vezes a pressão de operação. Isto equivale a tensões muito inferiores à de escoamento e quase sempre incapazes de fazer propagar este tipo de trincas. Não havendo propagação não há Emissão Acústica dado que as trincas não são ativas (como as denominam os profissionais de EA).
Ao contrario do pensamento de que EA deveria mostrar tudo, inclusive as trincas detectadas visualmente, EA só vê trincas ativas que propagam sob tensões baixas. EA é uma ótima ferramenta para conviver e monitorar este tipo de danos.
Às vezes esquecemos que estamos na era da Mecânica da Fratura. Que há metodologias que permitem conviver em segurança com equipamentos contendo trincas.
Resumindo, podemos dizer que as trincas que vemos foram provocadas por tensões elevadas. O ensaio de EA serve para verificar se irão propagar na pressão de operação. Se não mostram atividade, dificilmente propagarão em operação. Mesmo que as estejamos vendo!
No próximo post vou dizer o que fazer com o equipamento com trincas sem atividade?