segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Limpeza por ultra-som pode romper dispositivos usados em medicina.

















Vejam o artigo sobre rupturas por fadiga de stents e cateters provocadas por vibração durante a limpeza em cubas de ultra-som.

Os desafios são:

- Conhecer a freqüência natural destes pequenos aparelhos metálicos para evitar sua ressonância.

- Cálculo por elementos finitos pode ajudar.

- Inspecionar as peças limpas, de forma eficiente e econômica. Isto é mais difícil.

domingo, 12 de junho de 2011

NEVES

Depois de mais de um ano sem publicar aqui, faço este post em homenagem a
Antônio Sérgio Barbosa Neves que nos deixou na semana passada.
Era para mim um exemplo profissional e fundamentalmente uma referência de como ser cada vez melhor.
Trabalhava, ensinava, estudava, pesquisava, publicava, em fim, não parava de descobrir coisas novas em sua vida. Ultimamente estava viajando mais, fazendo turismo, vivendo melhor. Antes de sua última viajem a Buenos Aires me ligou para tirar dúvidas de Espanhol, pois estava disposto a aprender a falar bem.
Vou sentir saudade de seu jeito afetuoso e de seu bom humor. Tenho mil estórias boas para contar sobre ele, as análises de falhas e as publicações que fizemos juntos. Quem sabe depois. Vou contá-las aos poucos, saboreando minhas lembranças e a sorte em tê-lo conhecido. Dizem que ninguém faz falta, Neves fazia tudo para ensinar, assim como para não fazer falta depois. Mal sabia ele que vai faltar-nos o prazer que dava sentir o prazer que ele sentia em transmitir suas coisas.

domingo, 14 de março de 2010

Recall do Fiat Stilo está mal fundamentado

Fiquei surpreso ao ler a Nota Técnica 13/2010 do DENATRAN obrigando à FIAT a fazer um recall dos FIAT Stilo fabricados depois de 2004 para substituição dos cubos de roda traseira de ferro fundido por aço forjado.

Os textos tortos (a Nota Técnica foi escaneada inclinada e postada assim na Internet) fazem parte da argumentação técnica extraída dos laudos da UNICAMP e do CESVI


Realmente o ferro fundido nodular tem tenacidade inferior ao aço forjado, mas 3,6 vezes menor me parece exagerado. “Baixa resistência à fratura” não quer dizer nada, assim como “reconhecidamente mais frágil” e “pouca capacidade de deformação plástica”. Defendo nestes casos um confronto direto de propriedades do tipo tabela com duas colunas listando os valores de cada material. Se não, parece um raciocínio forçado onde o leitor leigo é induzido a acreditar em frases de efeito. Isto não é uma boa análise de falha.



Aqui entendo que o investigador relaciona as afirmações do item anterior para aventar a “possibilidade de fratura no momento da montagem........”
Eu pergunto: houve fratura no momento da montagem? O exame dos cubos fraturados demonstrou que havia trincas preexistentes a partir das quais ocorreu a fratura de todas as peças examinadas?


Este item e quase idêntico ao anterior:
O processo de rolamento do colar produz deformações plásticas e tensões residuais. Mas não gera necessariamente defeitos ou micro trincas. Será que havia defeitos e micro trincas justificando as fraturas? Se as tivessem encontrado teriam redigido isto de outra forma.


Agora temos que imaginar como as tolerâncias do furo e do rolamento do cubo contribuíram com a falha. Fui a ver a ABNT NBR 06158-1995 e pude constatar que esta norma visa apenas a fabricação de peças intercambiáveis. Não recomenda nada e a adoção ou não de tal ou qual conjunto de tolerância fica por conta da tecnologia do fabricante. De novo pergunto: como a pseudo discrepância de tolerâncias contribuiu com as fraturas? Encontraram algo significativo? Por que levantaram este ponto?



Quando li isto decidi fazer estes comentários. Não precisa ser especialista para ver que tem coisa errada:
Se os esforços são acima da especificação a falha pode ocorrer independentemente do material. Mais estranho é se referir a “pequenos esforços acima da especificação” qual especificação? Se esta análise serviu para provar que a causa dos acidentes foi a ruptura dos cubos de roda durante sua utilização normal, qual foi o tal do “pequeno esforço acima do especificado”?. “Ou mesmo sem qualquer esforço adicional fora da especificação”?????? Isto tudo é para dizer que os cubos romperam durante a utilização normal ou um “pouquinho” acima.
Será que o manual do usuário do FIAT STILO recomenda “não ultrapassar os esforços acima da especificação” .......mesmo sendo “pequenos”.
Não consigo acreditar que a UNICAMP tenha escrito isto em seu laudo, prefiro acreditar que alguma pessoa que não é do ramo o editou de forma irresponsável.
A UNICAMP teria escrito O CUBO ESTÁ SUB DIMENSIONADO e fim de estória.


Não conheço a CESVI, mas também da para ver que não domina análise de falha de materiais:
Os materiais não “procuram” evitar sua ruptura. Os materiais resistem a determinados esforços. Mandar substituir um material por outro pode não ser garantia de solução da falha. Ao final, qual foi a causa raiz da ruptura dos cubos dos oito carros examinados?
Foi a mesma para todos? Substituindo o ferro fundido nodular por aço forjado não vai haver mais acidentes?
Aqui o DENATRAN se superou na argumentação:
É irrelevante que a quebra da peça seja causa ou conseqüência? Se este argumento vingar toda investigação no futuro será inútil.

Não estou tratando de defender à FIAT, apenas acho errado atribuir a causa de uma falha a um determinado fator, neste caso ferro fundido nodular (cujo comportamento é muito parecido com o aço) sem provas contundentes e utilizando frases de efeito sem a quantificação necessária que uma análise de falha bem feita requer.

domingo, 6 de setembro de 2009

Na ciência, diferente da política, a minoria pode estar certa.


Recomendo a leitura deste artigo do Dr. Syun Akasofu sobre o “Aquecimento Global”.
O site onde o achei: wattsupwiththat.com trava uma luta constante com os erros de medição e interpretação sobre mudança climática.

sábado, 29 de agosto de 2009

Jazz - Ferros velhos - Era espacial - Fotografias sépia - Apollo 11.


O Jazz entrou em mim por duas vias. Primeiro pelos discos 78 rpm tocados na vitrola (em cima do rádio) que havia na casa de meus avos. Os discos eram de meu tio José. Ele também escutava Tango. Eu gostava mais de Jazz. Depois quando chegou a televisão em casa, lembro que as músicas dos desenhos animados eram quase todas deste gênero, com predominância de Dixieland nos mais antigos e das Big Bands nos “modernos”. Uma delicia.
Por alguma razão especial minha lembrança mais duradoura da primeira televisão em casa foi a noite do primeiro passo do Neil Armstrong na lua.

Ferros velhos e carros mal tratados (alguns antigos) foram muito presentes na minha infância. Qualquer garoto do meu bairro sabia como lixar um platinado e avançar a distribuição de um motor. Eu era mais sabido, pois tinha aprendido a ajudar meu pai a fazer pegar um Ford T. Aos quatro ou cinco anos eu sabia mexer nos bigodes do fordinho enquanto meu pai girava a manivela. Nenhum dos meus amigos tinha co-pilotado uma máquina tão antiga. Eu era um sortudo. Se um carro quebrasse na minha rua lá estava eu absorvendo todo o conhecimento e a fumaça esparramada no ambiente.

Corria a década de 60 e julgando ter “vasta experiência” em assuntos tecnológicos, decidimos entrar na Era espacial embalados pelas estórias de Laika e Gagarin construímos alguns foguetes propelidos a querosene e como não dispúnhamos de hidrogênio empurrávamos ar com uma bomba de encher pneu de bicicleta nos tanques feitos de lata. Depois de alguns incêndios e as conseqüentes reprimendas sem ter alcançado orbitas superiores a três metros, abandonamos o programa por absoluta falta de capital para desenvolvimento e nenhum apoio da vizinhança. A estação de lançamento ora era no quintal de algum membro da equipe, ora era num terreno baldio. Nunca conseguimos fazer mais de um lançamento por local. Em fim, não tínhamos a disposição um Cabo Cañaveral. Finalmente, convencidos de ter feito avanços importantes, apesar de tudo, e em um ato de altruísmo cientifico enviamos todos os documentos de nosso projeto à NASA. Para ajudar os americanos contra os Russos. Fizemos uma vaquinha para comprar os selos (eram necessários muitos para enviar uma correspondência a USA naquela época) botamos tudo num envelope pardo e mandamos via aérea.

Fotografias históricas são para mim como relíquias. Fascinam-me as fotografias em branco e preto, mas se são sépia logo penso que a importância do objeto fotografado devia ser maior. Creio que adotei este conceito quando aprendi a revelar negativos e cópias B&P ou sépia. Gosto menos das fotografias coloridas. Durante minha infância olhava para as máquinas fotográficas como o moleque com o nariz no vidro. Eram objetos mágicos. Lembro do tio Oscar que era aficionado e tinha muitas câmeras. Um luxo.O destino me deparou uma surpresa quando fui a trabalhar ao Laboratório de Engenharia de Produto da Chrysler Fevre Argentina. Hugo Eckerdt que já me havia apresentado a metalografia na Eaton Metalúrgica e que gostava mais que eu de ferros me recepcionou de uma maneira fantástica: ele não queria mais cuidar do laboratório de fotografia e me ensinou tudo. Era o início dos 70 e nesse laboratório tinha uma mala com várias câmeras e acessórios Hasselblad como as que tinham deixado na lua os astronautas da Apollo 11 alguns anos antes, depois de tirar as fotografias históricas da primeira Moon landing (não tenho coragem de escrever isto em português). Havia também um ampliador Durst. Em fim, dispunha de um equipamento de primeira qualidade e tecnologia avançada para fotografar ferros quebrados. Uma glória.

domingo, 24 de maio de 2009

A estação da Luz quase caiu!




A estação da Luz foi construída em Glasgow, Escócia em 1895 e montada na cidade de São Paulo em 1901 para atender a linha Santos - Jundiaí que na época ganhava importância devido à exportação de café pelo porto de Santos. Foi projetada por Henry Driver.
Esta estória é sobre um episódio em 2000 em que a estação quase caiu. Eu já tinha esquecido a promessa, feita há muito tempo neste espaço, de contá-la.
Um bom dia meu amigo Zuñiga me ligou e como sempre iniciou a conversa com a mesma pergunta: Bernasconi, o que você vai fazer amanhã? Começou a contar que havia uma questão política por trás da suspeita da degradação acelerada da bela estrutura metálica inglesa. Alguém podia ganhar prestígio e verba (ou o contrario....sei lá, algo assim). Queria conhecer minha opinião sobre o grave evento que transitava com urgência nas esferas municipais. Marcamos uma reunião para o dia seguinte, lá, na magnífica Estação da Luz. Nunca tinha entrado nela; sempre passava pela Avenida Tiradentes feito um paulistano (sem reparar nela, assim como nas outras belezas arquitetônicas que também existem nesta cidade). Estacionei a 90° junto à calçada do Parque da Luz bem em frente à entrada norte; foi como entrar no século XIX. Foi uma sensação agradável.
Zuñiga me esperava no hall central acompanhado de uma engenheira civil que conhecia os detalhes. Em quanto nos dirigíamos ao andem para ver as bases das colunas meus amigos descreviam o início do episódio: um levantamento topográfico encomendado por alguém (????) tinha encontrado uma inclinação de 3° em uma coluna. Tinham visto também que a base estava muito corroída e em conseqüência estava cedendo. A conclusão era: “a estabilidade da estrutura estava comprometida” e tinha de ser interditada imediatamente para evitar uma tragédia. Depois, obras importantes deviam ser feitas para recuperar a estrutura histórica.
Meus amigos civis já sabiam que não havia recalques no terreno nem nos pilares. Então devia ser um problema da estrutura metálica. Minha especialidade - ferros velhos. Sempre me chamam quando o foco são ferros velhos. Logo vi, as bases de quase todas as colunas tinham uma camada de carepa de 3 ou 4 milímetros. Uma pseudo proteção feita com argamassa impedia que o aço molhado pela chuva e a água da enxurrada vinda da Rua Mauá secasse. Nada de mais, era só restaurar a concepção original do projeto e..........
- Bernasconi o “pessoal” está com medo, pois os perfis metálicos perderam toda essa espessura por corrosão quem pode afirmar que estrutura vai resistir?
- Eu. Respondi e me apressei a explicar: a camada de óxido de ferro é 11 vezes maior que a camada de ferro consumido. Ou seja, cada milímetro de camada de óxido corresponde a uma redução de 0,09 mm na espessura. É só medir.
Ninguém gostou, fiquei esperando o relatório sobre a tal inclinação para pensar melhor no assunto. Pediram-me para fazer meu relatório logo.
Foi a melhor parte; tirei fotos e me diverti o dia todo com os detalhes da obra da Walter Macfarlane & Co. Saracen Foundry Glasgow.
Fiz algumas contas e desisti de esperar a medição dos 3°. Se de fato existia, este desvio devia ser de montagem. Antigo como a Luz (a estação).

domingo, 19 de abril de 2009

Corinthians vs. São Paulo

Hoje, depois de ver meu São Paulo Futebol Clube perder (bem) do Corinthians (pior para mim e melhor para os negócios) me deu fome então fui comer uns sanduíches na cocinha e vi na TV uma pesquisa feita pelo Faustão:
Você já mentiu para faltar ao trabalho? => 37% admitiram.
E alguns corajosos que se expuseram ante as câmaras deram dois tipos de respostas:
1. Eu não menti, mas conheço quem mente.
2. Já menti, mas foi num emprego anterior.

O que isso tem a ver com análise de falhas?: qualquer dia destes a gente melhora! (não estou me referindo ao futebol do SPFC).